Monday, October 30, 2006

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mão à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro! Era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! e eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, no tempo em que o teu corpo era um aquário, no tempo em que os meus olhos eram peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras. Quando agora digo: meu amor..., já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração. Não temos já nada para dar. Dentro de ti não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade (metria minha)

Friday, October 27, 2006


loquinha dixit


Wednesday, October 25, 2006

Sunday, October 22, 2006

"Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoaguardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar"



Mafalda Veiga (métrica minha)

Tuesday, October 17, 2006

Monday, October 16, 2006

Eu, Tu, Ele, nós, vós e eles

Os tempos verbais.... a construção da frase não é facil. Exige a concordancia entre tempo e pessoa.

E é exactamente essa concordãncia que torna a vida, como direi, complexa. O sujeito tem sempre de concordar com o predicado!

E não faltam frases sem qualquer concordancia... chamam-lhes poesia! Não sei o que lhes chamo!

O tempo, dificilmente concorda com os sujeitos. Falamos no eu, quando deveriamos dizer o nós... e o tu, quando queriamos dizer Eu. E eles... esse numero amorfo de desconhecidos. Ou de conehcidos que não queriamos conhecer. Ou ele quando queriamos que fosse um tu...e um nós.

A D. Maria Augusta não nos ensinou a conjugar os verbos da vida... é importante rever os curricula! Num tempo de Bolonha, quero voltar à primária. Como diria a outra mesa da esplanada, quero voltar a ser bébé!!

Os testes não têm revisão... ou segunda chamada.

Eu tu ele nós vós eles
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional"
Carlos Drummond de Andrade

Sunday, October 15, 2006

Foram anos e anos....

Tanto tempo sem mdeos, sem inseguranças no conforto do teu colo, no quente do que sou realmente. o ovo. sem duvidas, sem frios, sem parrepios.

Foram anos e anos de dar e receber, de sonhos no ar. de planos. de vida.

Perdi-me no tempo.

Encontrei-me a tempo?

Thursday, October 12, 2006

O dia amanheceu fresco.....

com as pontas dos dedos a procurar refugio nos bolsos do casaco.... parece que o Inverno se aproxima lenta e corajosamente... E vai entrando de mansinho. Anunciando a sua eminência. Estou preparada? Ansiosa? Não sei. Mas aguardo.


E a manhã promete.

Wednesday, October 11, 2006

Pedro Mexia Dixit
"A sinceridada acima de um certo grau ( escasso) significa mostrarmos realmente aquilo que somos, a nossa fragilidade e defeitos, a nossa nudez quase metafísica. E isso, segundo autoridades de reconhecida experiência não é admissível.Perdes os teus melhores amigos se fores sincero.Perdes a pessoa que amas se fores sincero.Assim: - evitem a sinceridade. A sinceridade faz mal à saúde. A sinceridade mata.Eu é que já não mudo.Porque não posso e porque não quero.Desculpem lá."
PEDRO MEXIA
Suplemento Jornal de Notícias

Tuesday, October 10, 2006

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. ".....

Luiz Fernando Veríssimo
o dia amanheceu nublado.

Entrei no carro já frio e orvalhado pelos gotejos do Outono e carregeui no Play... hoje não tinha espaço para o Nobrega e as manhas da melhor musica do Porto, que todos os dias me acompanham até à Torrinha. Soou Creep. radiohead e a musica que recorada um longuinquo beijo que me queimou. Foi ao som desta musica que soube o que era a paixão... e a força de um desejo. de um beijo.
Má escolha Margarida.... pessima escolha.... podia ter mudado. mas não. O Mp3 continuou a despertar as memorias que o tempo não apagou.
As horas do dia correram relógio abaixo, ponteiro acima entre consultas e telefonemoas que ficaram por fazer.
Agora olho janela fora.. pontinhas de luz que não se apagam na cidade. Um dia passou e

a noite caiu de mansinho

Sunday, October 08, 2006

O lago do Parque da Cidade tem uns fios suspensos!

Porquê? Para que servem? como geração google que sou, chegada a casa furiosamente procuro a resposta! nada... nem a wikipedia me satisfaz a curiosidade! Será para os patos não fugirem... para as gaivotas não atacarem os patos? Será para segurar as margens?

não teremos todos os nossos fiozinhos que nos mantêm suspensos?

Thursday, October 05, 2006

O Douro intenso espelhava a luz de Gaia.....

e nós, por cima do rio, riamos. Entre a carne com couves ou a lasanha de bacalhau( e a truta que ficou por pedir por razões de segurança) atiravamos pedras mansas de conversa. Discutiamos se a carteira é castanha ou preta! Castanha, digo eu! Muito castanha....
- não sei... parece preta...
-castanha, porra! és daltónica?
-è estranha!!!...
-.............
-aquele que está com a A.A. é casado, era pelo menos!!
-São só amigos... agora os amigos não podem vir jantar!!! bolas!
-.............................
- O meu kispo azul celeste igual ao da Susana
-.............
-E o Diniis?
-Sempre gostei de intelectuais!! Que Queres?
-.........................

Aprendi assim, que só vemos o que queremos. Os nossos aprioris kantianos fazem a triagem. E os amigos estão lá para nos chamar à realidade. A coragem, tem de ser nossa.

E o Douro espelhava a intensidade da minha noite.
E a carteira que é definitivamnte castanha... chocolate.
E o Sr. arrumador tinha razão, saimos depois da meia noite. desculpe!
e o Porto adormeceu tranquilo numa noite de Festa na Casa dos Lemos.

Monday, October 02, 2006

"Era eu a convencer-te que gostas de mim
E tu a convenceres-te que não é bem assim...
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
E tu a argumentares os teus inevitáveis

Eras tu a dançares em pleno dia
E eu encostado como quem não vê
Eras tu a falar para esconder a saudade
E eu a esconder-me do que não se dizia

Afinal quebramos os dois...

Desviando os olhos por sentir a verdade
Juravas a certeza da mentira
Mas sem queimar demais
Sem querer extinguir o que já se sabia

Eu fugia do toque como do cheiro
Por saber que era o fim da roupa vestida
Que inventara no meio do escuro onde estava
Por ver o desespero na cor que trazias...

Afinal quebramos os dois...

Eras eu a despir-te do era pequeno
E tu a puxares-me para um lado mais perto
Onde se contam historias que nos atam
Ao silencio dos lábios que nos mata...!

Eras tu a ficar por não saberes partir...
E eu a rezar para que desaparecesses...
Era eu a rezar para que ficasses...
E tu a ficares enquanto saías
...Não nos tocamos enquanto saías
Não nos tocamos enquanto saímos
Não nos tocamos e vamos fugindo
Porque quebramos como crianças

Afinal quebramos os dois...

...É quase pecado o que se deixa...
...Quase pecado o que se ignora... "
Toranja

Sunday, October 01, 2006

2+2 4

parar e fazer as contas faz-nos bem.... o tempo corre e escorre pelo calendário. a rodana da vida leva-nos onde por vezes nunca planeamos. Para longe, mas sempre fieis ao que somos. Reconheço-o num fim de tarde na TAvi. Onde velhas amigas se rencontram num SOS. Faço as contas e estiveram sempre lá! S.J. que conheço ainda trazia a chucha na pasta... e agora trocamos alegações. M.S. com o discerenimento que me completa, S. que aparece para um cafezinho e desaparece antes do fim. E claro, a I.
Todas lá... todas sempre cá! por muito tempo que o calendário marque como passado... elas fazem o presente. e marcam comigo o passo para o futuro.
4+4 8

Blog Archive

papoilas e cerejas e chocolate e raios de sol da manhã