foi assim que Ana, coberta com as quinquilharias mundanas da minha caixa, tomou de assalto a minha festa, varando com a peste no corpo o círculo que dançava, introduzindo com segurança, ali no centro, sua petulante decadência, assombrando os olhares de espanto, suspendendo em cada boca o grito, paralisando os gestos por um instante, dominando a todos com seu violento ímpeto de vida, (...) só tocando a terra com seus pés descalços, (...) toda ela cheia de uma selvagem elegância, e em torno dela a roda passou a girar cada vez mais veloz, mais delirante (...) ela sabia fazer as coisas essa minha irmã, esconder primeiro bem escondido sob a língua sua peçonha e logo morder o cacho de uva que pendia em bagos túmidos de saliva enquanto dançava no centro de todos, fazendo a vida mais turbulenta, tumultuando dores, arrancando gritos de exaltação (André, cap. 29, p.187-8).
Lavoura Arcaica de Raduan Nassar
Friday, September 10, 2010
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