Saturday, September 13, 2008

poemas de que nunca me canso




Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!

E eu acreditava.

Acreditava,porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.

Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.

Era no tempo em que os meus olhos

eram os tais peixes verdes.

Hoje são apenas os meus olhos.

É pouco, mas é verdade:uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.

Quando agora digo: meu amor...,

já não se passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certezade que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nomeno silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugenio de Andrade

1 comment:

Anonymous said...

Que passou, cariño?!?!

Falamos logo?

Beijinhos...
M.

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