Monday, June 16, 2008


"Os dias estão amenos e fúteis e pedem analogias fáceis e previsíveis, das que se soltam à toa e se esquecem, como as flores dos jasmins amarelos que se vão perdendo pelo asfalto. Apetece jogar conversa fora e, a meio caminho entre um batido de morango e um cigarro demorado, dizer por acaso que um amor desencontrado é como um mau jogo de futebol, uma espécie de ballet desengonçado de solteiros contra casados, num domingo de chuva. Com a cabeça cheia de estratégias vencedoras que revemos à exaustão, nem por isso deixamos de nos abalançar a maus passes, a fintas falhadas, a simulações desleais, a rebolanços teatrais e a foras de jogo. Dentro dos amores que são tristes porque não se encontram, uns são mais indisciplinados do que outros e arriscam-se à cuspidela no adversário e ao manguito ao fiscal de linha. Esses, os que perdem a classe, merecem penalidades elevadas, assobios de bancada e garrafas pelo ar. No jogo dos amores desencontrados, no entanto, nunca há substituições a meio: mesmo que de canelas do coração esfaceladas e de joelhos da alma rebentados, somos nós e o outro, a esticar o confronto ao limite do prolongamento, não havendo morte súbita que nos valha. Senhor árbitro, importa-se de apitar, que estou cansada e não me apetece brincar mais? Quero sair. Não? E um cigarrinho na bancada, posso? "
in umamoratrevido.blogspot.com

1 comment:

MBSilva said...

... !

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