Thursday, May 31, 2007


...O nosso tempo é no Inverno, não nesta promessa de estio e de cansaços estirados ao sol. Nós, é mais não nos darmos as mãos enluvadas, enquanto o calor se solta do corpo em espirais de desejo e embate como vapor na atmosfera gelada de Fevereiro. Nós, é os casacos apertados até cima, as golas levantadas e as pontas do nariz vermelhas, não sei se de frio, se de choro, se de vergonha ou pudor...


...É, antes, o tempo dos fios incertos de bafo quente que emanam das nossas bocas ansiosas, demasiado próximas, demasiado longe, e dos cachecóis que se enrolam no pescoço de cada um, como nos enrolávamos cerimoniosamente um no outro. Nós, é os corpos vestidos, as frieiras e bocas encieiradas, a uma generosa e conveniente distância. Por isso não a quero, à suavidade deste estio que se adianta, nem às carícias deste vento suão...


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papoilas e cerejas e chocolate e raios de sol da manhã