Monday, January 22, 2007

eu voto não

porque acredito na vida

porque acredito na liberdade

porque não acredito em facilitismos balofos

porque acredito que a voz deve ser dada mesmo a quem ainda a não pode exprimir.....

pergunto aos adeptos do sim.... preferiam não ter nascido?Pergunto-me, o que virá a seguir... infanticidio, porque as crianças fazem demasiado barulho? Homicidio... porque o vizinho que me incomoda?

Não estaremos a chamar liberdade ao puro egoismo? não estaremos a dispôr de direitos indisponiveis por comodismo?

Questionando a disponibilibade da vida de quem não tem voz.... estamos a questionar a nossa vida... no que de mais precisoso tem. O futuro.

E desta vez assino.... pois dou a cara a uma causa... de quem a não pode dar.

Ana


15 comments:

MBSilva said...

Confesso-me algo chocada com os "facilismos" de argumentação!

Que raio de perguntas?!?
Se preferia não ter nascido? ... posso dizer que há dias em que tenho dúvidas! Infanticídio? Homicídio?
Confesso que não entendo onde quer chegar, ou melhor, até entendo!!

Crê que quem recorre ao aborto o faz de forma leviana?
É verdade que temos um país de mentes pequeninas, mas não creio (mesmo assim) que as pessoas recorram ao aborto como forma contraceptiva!
Ninguém se submete aos riscos que um aborto implica assim, como quer fazer crer, sem mais!!! Principalmente nas condições em que muitas mulheres o fazem. Porque colocam em risco a sua vida! E disso não tenha a mínima dúvida! E um dos objectivos desta alteração é oferecer condições de saúde e higiene hospitalares ou clínicas a quem, por sua iniciativa, delibarada e conscientemente, decida interromper a gravidez.

Depois... este debate sobre a interrupção voluntária da gravidez, não se confunde, nem exige, o debate do começo da vida humana, intra-uterinamente. Mas saber se é aceitável despenalizar essa interrupção, alterando o quadro legal actual.

Já agora, em jeito de despedida, ainda que se discutisse a vida humana, que me diz se lhe dissesse que sempre se teria de reconhecer que ela é banalizada diariamente, por todos nós?

"Facilitismos balofos"?!?!
Bem... e mais não digo!

Eu também assino... pois (também) dou a cara... pela Liberdade de escolha!

Anonymous said...

Se mais diferenças fossem necessárias, bastava olharmos para este comentário. Quanto radicalismo, quanta superioridade moral, quanta arrogância. Não valerá a opinião da Ana o mesmo - exactamente o mesmo - que a sua opinião? E não me consta que a Ana tenha comentado o post que fez no seu blog no tom com que você o fez aqui. Tratar-se-á, apenas, de falta de educação ou será mesmo escassez de argumentos? Eu voto não, mas acima de tudo defendo o respeito pela opinião contrária.

Manel

JTR said...

Cara Idiossincracias,

Julgo que está a confundir a coisa e a cair em argumentação (desculpe-me o termos) tola.

Não creio que quem recorra ao aborto, o faça por leviandade ou por mero gosto. Acredito, a cima de tudo, que é uma experiência traumática para qualquer mulher.
Para aquelas que encaram o aborto com certo à vontade, com leviandade ou normalidade (não creio que alguma mulher o faça) - mormente porque já fizeram um ou alguns - não é para essas que se dirige a presente questão, porque essas têm dinheiro para recorrer a clínicas privadas no estrangeiro. E essas têm uma visão privilegiada da coisa, podem, se quiserem, fazer um abordo em condições, sem quaisquer riscos para a sua balofa saúde psíquica e física.
A pergunta, ou melhor, a problemática dirige-se àquelas mulheres que não têm essa possibilidade, e para quem, fazer um aborto é, sem sombra de dúvidas, uma experiência altamente traumática. Mais será se for feita em situações duvidosas, por "sapateiros" (salvo o devido respeito aos profissionais da sapataria) em vez de médicos.
Egoísmo será daqueles que, no conforto das suas possibilidades económicas, se opõem invocando argumentos absolutamente destituídos de senso, ou usando comparações "tolas", evitando uma discussão com toda a honestidade intelectual. Vai-me desculpar, mas onde existe termo de comparação nos exemplos que dá? Como será possível uma discussão assim?
Posso lhe dizer que, possivelmente, serei contra o aborto, mas voto sim. Porque acima de tudo acho que é uma questão de consciência. Acho que deverá ser deixado à mulher, que se sujeitará à experiência altamente traumática, decidir. E não acredito que o fará por mero capricho.

Apenas uma nota final: por favor aceite desde já o meu pedido de desculpas, se eventualmente, fui ofensivo ou indelicado, mas entenda que a crítica era dirigida aos argumentos, não há pessoa.

MBSilva said...

Caro Manel,
antes de mais, permita que lhe diga que respeito a opinião da Ana acima de tudo.
Não vejo onde está a falta de educação no meu comentário. Quanto à escassez de argumentos de que fala, também não a vejo... Aliás, parecem-me claros!
Critiquei, sim, a utilização da expressão "facilitismos balofos" porque me pareceu, de facto, infeliz!
Sou uma acérrima defensora do Sim, é verdade... e isso não me impede de respeitar a opinião de quem opta pelo não. Mas creio ser livre de opinar e criticar algumas expressões.

Porque conheço (bem) a Ana é que me surpreendeu a sua argumentação...
E peço desculpa (a ela) se alguma das minhas palavras a ofendeu, porque essa não foi (de todo) a minha intenção!

Caro JTR, faço minhas as suas palavras!

JTR said...
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JTR said...
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JTR said...

Caro Manuel,

Não pretendo, aqui, sair em defesa de quem se sabe defender muito bem.

Mas qualquer discussão têm, necessariamente, opostos. E, pelo menos quando a discussão é intelectualmente honesta, há comentários de que, muitas vezes, não se gosta de ouvir, mas que não deixam de ser respeitosos ou perfeitamente aceitáveis.

Pergunto-lhe eu: que argumentos trouxe, Vexa., à discussão? Permita-me que lhe responda: nenhum.
Os seus argumentos assentam no cliché do "respeito pela opinião contrária" e "do direito à diferença".

O comentário da MBSilva foi absolutamente sereno e, acima de tudo, humilde, característico de quem sabe discutir, rebatendo os argumentos apresentados com outros, sem falsos moralismos e respeitando a opinião contrária.

Não consigo, por isso, embarcar em discussões onde o que a pauta são argumentos fáceis e, muitas vezes, ocos, que se fazem sentir por muitos dos defensores públicos do não, muitas vezes, exactamente, com argumentos como os que aqui deixa.
Que se discuta com honestidade intelectual, com argumentos, rebatendo opiniões. Que não se fuja à discussão com discursos como o que aqui deixou.

idiossincracias said...
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idiossincracias said...

Cumpre-me arrumar a casa... por alguma ordem na acesa discussão...
discutem-se conceitos e emaranham-se realidades como desculpas.
Ora vejamos:
- cara mbsilva- Conhece-me. è verdade. Conheçe a minha tolerância e plasticidade de conceitos. Conheçe igualmente o estrito critério porque pauto as escolhas de vida. E porque me conheçe sabe que não troco a crudeza das palavras como claro reflexo de realidades, por porreirismos linguisticos. As expressões são isso mesmo... expressivas para quem as emprega, expressivas para quem as entende.

Nao confundo de todo a liberdade com a libertinagem , nem tão pouco espero ou sequer admito que o aborto seja tido como metodo anticoncepcional.. seria demasiado cruel maginar tal coisa. Mas só o facto de existir ponderação do valor vida, daqueles que a dão, com circunstancialismos...já me arrepia. E arrepia-me certamente que o Estado o legitime. Arrepia-me que seja chamada a dar a minha opinião e decida fechar os olhos à escolha.

-Caro JRT, o discurso das clases socias não me comove. Não aceito que reduza a discução ao mera capacidade ou incapcidade de ter as mesmas condições para matar o seu filho a mulher rica ou a mulher pobre (leia-se casal) as Opções da vida ficam com quem as toma. Não as discuto. Mas não me peça para compactuar e calar a minha indignação com chavões conotados à falta de argumentos lógicos

- è a isto que me parece se resume a discussão... o facto de existir a veleidade de discutir ou ponderar o valor vida... porque se legitimada pelo Estado(e enquanto a concepção politica e fiosofica que temos de Estado) será rever a sociedade nessa escolha. Não o posso aceitar sem levantar alto a minha voz. Obrigada Manel.

MBSilva said...

Cara ana,
não fiquei chocada com a expressão que utilizou. Mas chocada por a ter utilizado nesta questão...
Não é "fácil" decidir abortar... decidir adiar a possibilidade de ser mãe/pai... não é fácil viver com essa decisão... Não dever ser nada fácil!
[Por isso critiquei a expressão utilizada ("facilitismos"), agravada pelo adjectivo ("balofos"). Continuo a achar uma expressão infeliz!]

Querida Amiga, eu também acredito na vida... só que acredito (também) na liberdade de optar!
E é por ser chamada a dar a minha opinião que opto por não fechar os olhos à realidade que nos rodeia e digo sim! E esta realidade é aquela que eu e o JTR descrevemos. Quer queira, quer não...

Digo SIM a poder optar!

;)

JTR said...

Se querem levar a coisa para o estritamente legal, importa fazer aqui uma pequena destrinça

O Direito Penal protege bens jurídicos, sejam eles, a vida humana, a vida intra-uterina, a integridade física, a honra, o património, o estado de direito, a vida em sociedade, etc, etc... basta dar uma vista de olhos pelo índice de um qualquer Cód. Penal.
O bem jurídico protegido pelo crime de "Aborto" (art. 140.º do Cód. Penal), não é a vida Humana. Entenda-se esta como vida humana autónoma, que surge com o nascimento completo e com vida (art. 66.º do Cód. Civil). O que se protege naquele art. 140.º do Cód. Penal é a vida intra-uterina. O Aborto não pode, de modo algum, ser equiparado ao crime de homicídio. Os bens jurídicos protegidos por uma e outra condenação são diferentes e distintos. Não se misturem alhos com bugalhos. Até os fundamentos axiológicos que levam à protecção de um e outro são, de todo em todo, distintos e inconfundíveis. É preciso coerência, sem dúvida, mas não misturando no mesmo saco coisas que nada têm a ver. Que tem um homicídio a ver com um aborto? Quem defende o aborto, não pugna pela pena de morte. Afirmar isso é pura desonestidade intelectual. Desculpem-me, mas é: “O cu nada tem a ver com as calças”. Curiosamente, muitos do que se dizem contra o aborto são, precisamente, a favor da pena de morte. Vá-se lá entender…

Também quem defende a interrupção voluntária da gravidez defende, ao mesmo nível, precisamente que se deve apostar numa educação cívica e sexual. Ninguém defende o aborto como meio contraceptivo.

Das duas uma: ou não percebem os argumentos, ou não os querem perceber. No primeiro caso, não me parece que tenham grandes razões, pois eles são claros. No segundo caso, lá está, entramos numa discussão de surdos e absolutamente inútil.

Todos os dias, nos tribunais, a sociedade compactua e pede a privação da liberdade de algum dos seus membros, por isso, não me parece grande argumento esse… Até quem se mostra contra a interrupção voluntária da gravidez, compactua e pede, precisamente, a privação da liberdade para quem a faz.

Como vê, não se podem confundir as coisa. A pena de morte, não é igual a um aborto. A interrupção voluntária da gravidez não é um homicídio. São coisas totalmente diferentes. E metê-las na mesma discussão, só traz confusão.

O Estado, ao permitir a interrupção voluntária da gravidez, não está a "branquear" ou a legitimar que se pratiquem homicídios. Está apenas e tão só a proteger outros bens jurídicos. Aqui chamo a colação e faço minhas, integralmente, as palavras de MBSilva. Em última instância está precisamente a proteger, por antecipação, o nascituro (que não pediu para ser concebido, mas se o foi terá o direito de exigir condições para viver, carinho, uma família estável e equilibrada), de levar ou viver uma vida sem condições, sem dignidade suficiente.

Não pretendo fazer ninguém mudar de ideias. Pretendo apenas que se discuta a questão com um mínimo de inteligência e honestidade.

JTR said...

Pergunto eu, ainda a propósito:

Que diferença de valores, fundamentos ou motivos haverá entre se permitir que uma mulher que foi violada possa, livremente, abortar, e permitir-se que aquela mulher que por um azar da vida engravida, possa abortar porque sabe que não terá capacidade para proporcionar uma vida decente ao seu filho? Também no caso da violação o nascituro não pediu para ser concebido...

E já agora, merecerá menos viver um feto mal formado, de onde resultará um ser humano deficiente, do que um feto bem formado? Valerá mais uma vida que a outra?

Note-se que, ambos, são casos em que a lei permite que a mulher possa abortar...

Anonymous said...

Caríssimos,

Em jeito de entrada no blog, pois é a primeira vez que em qualquer um deixo a minha opinião, gostava de me afirmar como em “cristão novo” do NÃO…

Assumo que sempre achei que o direito de ter ou não ter um filho seria, em cada momento, uma decisão dos pais (casais ou ocasionais) e algo no qual a sociedade, o estado e o direito nada deviam interferir… acreditei também que a posição mais correcta da lei seria a omissão não criando qualquer previsão legal a situação, deixando a questão do “aborto”, porque é de aborto que se trata para a consciência de cada um.

No entanto a nossa lei não é omissa e não o é em dois sentidos. Por um lado proíbe, dando mesmo dignidade criminal as desvalor em causa, o aborto na generalidade das situações – sendo falso, no entanto, que por força dessa dignidade criminal, qualquer mulher, pelo menos nos trinta anos de que há memória, tenha sido presa – e por outro prevê 5 situações (violação, inviabilidade do feto, má formação, estado de saúde da mãe e risco de vida para a mãe) em que o aborto não só é permitido como o estado é chamado a garantir a sua realização.

E o que somos chamados a escolher? O referendo não nos pergunta, como alguns nos pretendem fazer acreditar, se as mães que abortam devem ou não ser presas, uma vez que nenhuma o foi e, obviamente, nenhuma o será, mas pergunta-nos sim se deve, na generalidade das situações, e por vontade única da mãe, o estado, garantir que um feto, que ainda não é uma criança - mas que, se não for morto antes, o irá ser, da mesma maneira que uma criança não é um adulto, nem um jovem um velho mas, se não morrer até lá, é efectivamente, para lá, que caminha – seja aspirado ou raspado, conforme os casos, numa interrupção que é efectiva e traumaticamente definitiva.

Muito bem, é a mãe que decide… e o pai? Pois esse nem conta… se um futuro pai, enquanto a companheira dorme, lhe provocasse um aborto para que o seu filho não nascesse seria um criminoso sem qualquer tipo de perdão, sem valores e atacado pelos mesmos que, caso seja a mãe a optar assim, enquanto o pai nem sabe, acham que nada mais é do que o direito de optar….

Da mesma maneira que acho que o pai que força a mãe ao aborto não pode ter, nisso, qualquer tipo de suporte público concordo também que, em nome do princípio da igualdade dos sexos, a mãe também não o tenha…

Voto NÃO porque o meu voto sim não ia ajudar as jovens e desapoiadas que por azar engravidaram, como se se engravidasse por azar e não por um acto que de antemão se conhece os riscos, - pois essas ainda mais desprotegidas ficam nos abusos a que são sujeitas pois para os menos escrupulosos companheiros nem o estigma do risco da gravidez continuaria a ser problema – mas porque ia ajudar aquelas que simplesmente não queres ser mães porque não é o momento, têm muito que fazer, têm que progredir na carreira ou porque têm que fazer o doutoramento e assim atrasa… e… e… e tantas outras razões…

Eu voto Não porque o aborto é um desvalor e o direito serve para punir desvalores e não para os legitimar. Eu voto NÃO achando que nenhuma mulher deve ser presa por abortar, da mesma maneira que votaria não contra a despenalização do roubo e não prenderia nenhuma mulher que roubasse para dar de comer a um filho…

Aqui como em todo lado, estou contigo, Ana…

Proj

Anonymous said...
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Anonymous said...
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